Projetos do governo que emperraram por mau planejamento

Por:Editor Saletto
Destaque | Engenharia | Notícia

19

out 2018

Metrô de Fortaleza

metrô de Fortaleza ainda é uma incógnita para muitos da cidade. Em 2013, o Governo do Estado assinou contrato para fazer as obras da Linha Leste. Tapumes foram colocados, mas o serviço nunca avançou. Foram gastos R$ 24 milhões de um orçamento total que chegava R$ 2,259 bilhões.

O projeto da Linha Leste prevê ligação entre Centro, Aldeota, Papicu e Edson Queiroz. Este ano foi feita uma nova licitação reduzindo o projeto original, com a linha somente do Centro ao Papicu. Em agosto, o Tribunal de Contas da União (TCU) suspendeu a licitação.

O funcionário público Nonato Costa comenta que o atraso prejudicou a cidade. “Decepção porque passaram mais de dois anos com os tapumes aí e não fizeram nada. Só prejudicaram a cidade e a população”, lamenta.

Na construção da Linha Leste também foram compradas máquinas de perfuração de túneis, conhecidas como Tatuzões. A compra foi feita na gestão do ex-governador Cid Gomes. Foram pagos R$ 156 milhões, mas os equipamentos não foram utilizados.

De acordo com o promotor de Justiça Ricardo Rocha, algumas ações estão em processo de investigação. “Algumas já foram alvo de ação pública por ato de improbidade administrativa contra os gestores responsáveis e outras ainda estão em processo de instrução da investigação respectiva”, afirma.

Hospital fantasma

Um terreno que fica localizado no município de Maracanaú, a 3 km da Central de Abastecimento do Ceará (Ceasa), deveria abrigar um hospital regional da rede estadual. A página do Governo do Estado na internet, em junho de 2012, dizia que a unidade ficaria pronta antes da Copa do Mundo de 2014.

Com 11 andares e mais de 432 leitos, o equipamento reforçaria a demanda de urgência e emergência da Região Metropolitana. A obra foi licitada, mas nada foi feito sobrecarregando hospitais da Grande Fortaleza.

A ausência do hospital prejudica a população. O irmão da autônoma Maria Gomes, por exemplo, está internado há mais de uma semana na Santa Casa de Paracuru por conta de um problema na vesícula. Poderia ter sido atendido na própria cidade.

“A gente vem nos hospitais e não querem receber ele”, denuncia. O caso se agravou e o jeito foi recorrer aos hospitais especializados da capital. “Fui na Santa Casa, não tem vaga, lá no HGF não tem vaga. Agora, eu tô parada aqui. Estou com todos os laudos do hospital de Paracuru porque lá não tem nada. Não dá pra fazer nem exame de sangue”, critica.

Falta de atendimento

A realidade de Maria Gomes e do seu irmão não é um caso isolado. A aposentada Maria José também aguarda atendimento. No caso dela, a precisão é por uma nova cirurgia para a retirada de um tumor. Ela aguarda o procedimento há 1 ano e 8 meses. A primeira remoção foi feita no Hospital Geral de Fortaleza (HGF).

“Perdi o paladar. Não sinto o gosto. Emagreci 15 quilos”, relata os problemas decorrentes do tumor.

O hospital regional de Quixeramobim, inaugurado em 2014, poderia fazer o atendimento da aposentada se estivesse em pleno funcionamento. A proposta do Hospital e Maternidade Regional do Sertão Central é dar assistência a 631 mil habitantes de 20 municípios dessa região em casos de alta complexidade como o de Maria José.

Apesar de toda a mega estrutura no valor de R$ 87 milhões ao Governo do Estado, os moradores precisam recorrer a Fortaleza para cirurgia e atendimentos.

O agricultor Evandir Cipriano também passou por uma situação semelhante a da aposentada. Ele foi transferido para Fortaleza para fazer uma cirurgia no dedo da mão após um acidente com uma máquina de serrar. “Poderia não existir isso. Lá (Quixeramobim), poderia ter o mesmo atendimento que tem aqui”, avalia.

Condições e estrutura há, mas não estão funcionando. A emergência de adultos e a ala pediátrica do hospital ainda não estão fazendo atendimentos. Por outro lado, a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) informou que os setores de traumatologia e de neonatologia serão abertos ainda neste semestre.

Aquário do Ceará

Mesmo parada, a obra do Aquário do Ceará já consumiu R$ 83 milhões. O contrato total previa um valor de R$ 244 milhões, assinados em junho de 2011. Já em 2015, os trabalhos tiveram ordem de paralisação pelo Governo do Estado. Os moradores do Poço da Draga, próximo às obras, tiveram prejuízos. O metalúrgico Robson Batista comenta que não teve nenhum acréscimo para a comunidade. “Não tem nada de bom aí não, a não ser que eles começassem de novo a fazer a obra, ressalta.

Cariri

Na cidade de Barbalha, no Cariri, o ex-governador Cid Gomes adquiriu uma antiga usina de cana de açúcar no valor de R$ 15,5 milhões em 2013. A usina nunca produziu um litro de álcool nem gerou um único emprego. Segundo o promotor de Justiça Ricardo Rocha, a falta de planejamento é o ponto principal a ser observados nessas obras.

“Muitas vezes o gestor, o governante, quer construir obras que não condizem com o pode financeiro do Estado ou do município. E acaba ficando uma obra megalomaníaca, desproporcional com o poder aquisitivo do Estado”, ressalta Ricardo.

Fonte: Adaptado de Tribuna do Ceará


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